terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Espaço vocacional: Você já pensou em ser um monge, ou um eremita?


Oi gente!

Hoje trago pra vocês o texto de uma irmã eremita que fala pra nós um pouco sobre o que é a vida eremítica. Silêncio e oração são duas das principais características desta vida maravilhosa em Deus. Espero que gostem!

 

Sobre a vida eremítica

 

Solidão, recolhimento, silêncio. Podemos dizer que este é o resumo da vida eremítica. Em oposição aos que vivem na correria do mundo, um eremita vive recolhido, em solidão. Em oposição ao ruído, falatório, conversas, barulho, vive em silêncio.

O que tem de atraente numa vida aparentemente tão monótona? A atração deste estado de vida, que é uma vocação, a qual algumas almas são chamadas a viver, e estarem assim mais próximas de Deus. Na verdade, a solidão não é solitária, posto que neste recolhimento e silêncio, há um propício convívio da alma com Deus, que fala no silêncio do coração, e possibilita uma vida de oração contínua, contemplativa, no trabalho simples do dia-a-dia.

Sabe-se que Deus fala no silêncio do coração, sua linguagem é esta. É como se comunica. Todos os santos falam disso, deste escutar o silêncio, de se estar numa calmaria e paz que possibilite ouvir Deus nas suas palavras silenciosas, e cheias de vida, de profundidade, de conteúdo, porque justamente sem dizer nada, fala tudo, e envolve a alma para mergulhar na vastidão do silêncio que é Ele mesmo.

Não há aí nada de extraordinário, não é um convite a revelações, coisas excepcionais, nada disso... É uma vida ordinária, simples. Como foi a de Nossa Senhora e São José na casinha de Nazaré, que estavam ali a contemplar seu Filho. Viver este dia-a-dia na sua simplicidade, naquilo que a Providência Divina dispõe sem alarde ou alarido como gosta o mundo. Estar escondido como é também característico de Deus, que gosta de assim ficar, e de colocar os seus, fora do circuito, os retirando só para Si, para com estas almas dividir Sua vida.

Na história de Igreja, os padres do deserto viviam como eremitas. Iam se enfurnar nas grutas e ali permaneciam por anos a fio. Daí também nasceu outro tipo de vida espiritual, a cenobítica, quando alguns que ali estavam se reuniram em comunidade, e resulta o que hoje conhecemos como mosteiros, conventos. Ao mesmo tempo que não deixam de viver em silenciosa oração solitária, cada qual com Deus em seu coração, mesmo que tendo um irmão ao seu lado.

Mas há na história da Igreja, a vida de uma mulher muito especial que foi talvez a primeira eremita - Santa Maria Madalena, aquela que estava sempre aos pés de Jesus, irmã de Marta e Lázaro, que de uma vida dissoluta passou a maior das santas, inaugurando a vida contemplativa. Pois conta a tradição oral que ela e outros cristãos foram colocados num navio sem leme, e vagaram sem rumo durante anos. Um dia o navio encalhou na costa de França, e estes cristãos ali chegando, evangelizaram o sul deste país. Maria Madalena esteve com eles a anunciar a Boa Nova, até que, em certo momento, reconhecendo a suave voz do Amado, se retirou numa gruta para estar aos pés de Jesus, desta vez numa vida de penitência, oração contemplativa, silêncio. Ofereceu este recolhimento por muitas almas que salvaria até o fim do mundo, segundo consta o seu depoimento numa aparição sua a santa Gertrudes.

Esta gruta, que ainda hoje é um local de peregrinação, chama-se gruta de Sainte Baume, na Provence e consta que até o tempo da Revolução Francesa ali estava o crânio da santa com a sua carne conservada intacta, no exato local em que Jesus lhe tocou a testa quando lhe apareceu ressuscitado.  .

Deus é muito criativo e só Ele pode fazer florescer tantos carismas na sua Igreja, a única que tem uma vida espiritual tão ampla, diversa e fértil, possibilitando que cada alma, pelo correto discernimento, possa perceber o seu chamado e servir a Nosso Senhor, ajudando-O a construir o seu reino que não é deste mundo.

*escrito por uma alma eremita

 

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