Oi gente!
Hoje trago pra vocês o texto de uma irmã eremita que fala
pra nós um pouco sobre o que é a vida eremítica. Silêncio e oração são duas das
principais características desta vida maravilhosa em Deus. Espero que gostem!
Sobre a
vida eremítica
Solidão,
recolhimento, silêncio. Podemos dizer que este é o resumo da vida eremítica. Em
oposição aos que vivem na correria do mundo, um eremita vive recolhido, em
solidão. Em oposição ao ruído, falatório, conversas, barulho, vive em silêncio.
O que
tem de atraente numa vida aparentemente tão monótona? A atração deste estado de
vida, que é uma vocação, a qual algumas almas são chamadas a viver, e estarem
assim mais próximas de Deus. Na verdade, a solidão não é solitária, posto que
neste recolhimento e silêncio, há um propício convívio da alma com Deus, que
fala no silêncio do coração, e possibilita uma vida de oração contínua,
contemplativa, no trabalho simples do dia-a-dia.
Sabe-se
que Deus fala no silêncio do coração, sua linguagem é esta. É como se comunica.
Todos os santos falam disso, deste escutar o silêncio, de se estar numa
calmaria e paz que possibilite ouvir Deus nas suas palavras silenciosas, e
cheias de vida, de profundidade, de conteúdo, porque justamente sem dizer nada,
fala tudo, e envolve a alma para mergulhar na vastidão do silêncio que é Ele
mesmo.
Não há
aí nada de extraordinário, não é um convite a revelações, coisas excepcionais,
nada disso... É uma vida ordinária, simples. Como foi a de Nossa Senhora e São
José na casinha de Nazaré, que estavam ali a contemplar seu Filho. Viver este
dia-a-dia na sua simplicidade, naquilo que a Providência Divina dispõe sem
alarde ou alarido como gosta o mundo. Estar escondido como é também
característico de Deus, que gosta de assim ficar, e de colocar os seus, fora do
circuito, os retirando só para Si, para com estas almas dividir Sua vida.
Na
história de Igreja, os padres do deserto viviam como eremitas. Iam se enfurnar
nas grutas e ali permaneciam por anos a fio. Daí também nasceu outro tipo de
vida espiritual, a cenobítica, quando alguns que ali estavam se reuniram em
comunidade, e resulta o que hoje conhecemos como mosteiros, conventos. Ao mesmo
tempo que não deixam de viver em silenciosa oração solitária, cada qual com
Deus em seu coração, mesmo que tendo um irmão ao seu lado.
Mas há
na história da Igreja, a vida de uma mulher muito especial que foi talvez a
primeira eremita - Santa Maria Madalena, aquela que estava sempre aos pés de
Jesus, irmã de Marta e Lázaro, que de uma vida dissoluta passou a maior das
santas, inaugurando a vida contemplativa. Pois conta a tradição oral que ela e
outros cristãos foram colocados num navio sem leme, e vagaram sem rumo durante
anos. Um dia o navio encalhou na costa de França, e estes cristãos ali
chegando, evangelizaram o sul deste país. Maria Madalena esteve com eles a
anunciar a Boa Nova, até que, em certo momento, reconhecendo a suave voz do
Amado, se retirou numa gruta para estar aos pés de Jesus, desta vez numa vida
de penitência, oração contemplativa, silêncio. Ofereceu este recolhimento por
muitas almas que salvaria até o fim do mundo, segundo consta o seu depoimento
numa aparição sua a santa Gertrudes.
Esta
gruta, que ainda hoje é um local de peregrinação, chama-se gruta de Sainte
Baume, na Provence e consta que até o tempo da Revolução Francesa ali estava o
crânio da santa com a sua carne conservada intacta, no exato local em que Jesus
lhe tocou a testa quando lhe apareceu ressuscitado. .
Deus é
muito criativo e só Ele pode fazer florescer tantos carismas na sua Igreja, a
única que tem uma vida espiritual tão ampla, diversa e fértil, possibilitando
que cada alma, pelo correto discernimento, possa perceber o seu chamado e
servir a Nosso Senhor, ajudando-O a construir o seu reino que não é deste
mundo.
*escrito
por uma alma eremita
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